28 de abril de 20221446 palavras5.8 min leitura

Como os trajes de natação evoluíram e como escolher o melhor modelo?

Quem pensa que o esporte é a área menos afetada pela tecnologia está completamente enganado. A inovação já se provou profunda aliada das modalidades, principalmente em na piscina. Afinal, você sabe como surgiram os trajes de natação?

A evolução dos maiôs acompanhou o desenvolvimento do esporte no século XX. Tecidos cada vez mais finos e com um design que permite maior mobilidade e flutuabilidade dentro da água são as grandes características de um dos maiores aliados do nadador na hora de competir.

Os trajes de natação, especificamente, após os Jogos Olímpicos em Atlanta, em 1996, e nas Olimpíadas de Sydney, em 2000, ganharam evidência.

No entanto, a evolução dos trajes nem sempre foi um mar de rosas. Polêmicas e debates rodeiam o assunto. Então, vamos conferir a sua história? Ao final deste conteúdo você ainda confere como escolher um traje de natação.

Evolução dos trajes de natação

A seguir, confira a linha do tempo da evolução dos trajes de natação:

1900

equipe de nadadores vestidos com os primeiros trajes de natação

Primeiro traje de natação/ Imagem: Divulgação

O primeiro maiô de natação pode ser comparado com a primeira bola de futebol. Totalmente ineficiente na água, os nadadores vestiam um traje de aproximadamente cinco quilos. Impossível de imaginar, não é mesmo?

1927

O nadador sueco Arne Borg foi o primeiro atleta a quebrar o recorde mundial da prova de 1500 livre, em 1927, vestindo um Speedo Racer Back.

O nadador sueco Arne Borg / Imagem: Divulgação

A marca escocesa Speedo lança o primeiro maiô do mercado feito de seda. O modelo chamado Speedo Racer Back, inicialmente, foi pensando para mulheres como um traje de banho de piscina ou praia.

No entanto, revolucionário e também polêmico maiô, que deixava os ombros de fora e tinha uma abertura nas costas, o que proporcionava melhor rapidez na água, foi rapidamente adotado por nadadores profissionais.

O nadador sueco Arne Borg foi o primeiro atleta a quebrar o recorde mundial da prova de 1500 livre, em 1927, vestindo um Speedo Racer Back.

1930 a 1950

A jovem australiana Clare Dennis foi a primeira mulher a vencer os 200 metros peito nas Olimpíadas de Los Angeles

Equipe da Austrália com traje de natação da época/ Imagem: Divulgação

A Speedo predominou no mundo da natação competitiva com um crescente número de atletas optando por utilizar seus produtos.

A jovem australiana Clare Dennis foi a primeira mulher a vencer os 200 metros peito nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1932, com o modelo de maiô de seda. Em 1950, a marca lançou o primeiro maiô de nylon e lycra.

1973

Depois da Speedo se consagrar como a maior marca de equipamentos de natação do mercado, a Adidas fundou a Arena, marca para produção de produtos voltados para esportes aquáticos.

O nadador norte-americano Mark Spitz, que nas olimpíadas de 1972, em Munique, havia conquistado sete medalhas e sete recordes mundias, foi convidado a ser o garoto-propaganda da marca.

O primeiro produto da Arena foi o Skinfit®, um traje de natação de alta performance desenvolvido com um tecido muito leve (pesava apenas 18 gramas).

O objetivo era se moldar ao corpo do nadador com extrema precisão, como se fosse uma segunda pele.

1976

Nos Jogos Olímpicos de Montreal em 1976, a equipe original de patrocinados pela marca Arena, que incluía nadadores como Novella Calligaris (ITA) e Gary Hall (EUA), utilizaram apenas trajes de natação e óculos especialmente desenvolvidos para as competições de alto nível.

O resultado: junto, os nadadores conquistaram 44 medalhas durante a competição.

1991 e 1992

O nadador brasileiro Gustavo Borges com a sunga S200/

O nadador brasileiro Gustavo Borges com a sunga S200/Imagem: Divulgação

A Speedo lançou o primeiro tecido “rápido” para esportes aquáticos, utilizado nas Olimpíadas de Barcelona em 1992, quando 53% das medalhas da competição foram conquistadas por atletas que usavam a marca.

O traje de natação caracterizava-se por ser feito de microfibra e elastano.

O nadador brasileiro Gustavo Borges com o maiô S200/Imagem: Divulgação

Um ano depois, a Arena lançou o modelo chamado “Aquarecer”, projetado para que os nadadores flutuassem sob a água devido ao seu tecido extremamente liso, sem perder a flexibilidade nos movimentos.

1996

Lançado o maiô modelo Aquablade, da Speedo, na edição das Olimpíadas de Atlanta, 15% mais aderente de que o modelo anterior.

Já a Arena criou o modelo X-Flat, o primeiro traje de natação na versão com tecnologia. A roupa era mais fina, leve e macia.

Aqui, pela primeira vez, as pernas dos atletas são cobertas nas roupas de performance.

2000

Imagem de traje de natação Fast Skin

Modelo Fast Skin/ Imagem: Divulgação

Após quatro anos de trabalho, que contou com o apoio do Museu de Ciências Naturais de Londres, equipes formadas por técnicos especializados em várias áreas e um grupo de elite de nadadores, a Speedo desenvolveu um novo traje de natação.

A missão principal era fabricar um produto mais rápido e melhor. Por isso, os estudos se inspiraram na pele de tubarão, o animal mais veloz dentro da água. Surgiu, então, o modelo chamado Fast Skin.

O resultado? 13, dos 15 recordes mundiais cravados nas Olimpíadas de Sydney, foram superados por atletas utilizando o traje de natação.

Em contrapartida, a Arena lançou o Powerskin, uma nova geração altamente tecnológica de trajes de competição que corpo inteiro dos atletas.

2008

Imagem de traje de natação LZR

A Speedo lança o modelo tecnológico LZR Racer/Imagem: Divulgação

A Speedo lança o modelo tecnológico LZR Racer, feito com tecido ultrafino que repele a água e comprime os músculos. Assim, o nadador desliza com mais eficiência e menos esforço.

Para chegar a esse modelo, a marca investiu muito em pesquisas. Depois de avaliar mais de cem amostras de tecido, escanear o corpo de 400 atletas, testar o traje em túneis hidrodinâmicos e contratar um estúdio de moda para assinar a peça, o resultado veio rápido.

Até maio de 2008, 37 recordes mundiais (em piscinas de 25 e 50 metros) haviam sido batidos com o LZR Racer.

O modelo tem duas vezes mais elastano (30%) do que uma sunga normal, o que faz com que o maiô fique mais colado à pele. Outro segredo do LZR é a ausência de costuras.

Em paralelo, a Arena lançou um modelo de maiô com as mesmas propriedades do LZR. Com lançamento do chamado R-Evolution, o traje de natação proporciona 20% a menos de redução de resistência e 24% a mais de manutenção de velocidade.

2009

Imagem de modelo de traje de natação permitido

A nadadora Etiene Medeiros com traje de natação liberado pela FINA/ Imagem: Divulgação

A marca italiana Jaked lança o seu primeiro modelo de maiô tecnológico. O traje, feito inteiramente de poliuretano, favorecia uma maior aerodinâmica do atleta na água.

Além do mais, o material permitia a retenção de uma camada de ar, que ajudava na flutuação.

Com o lançamento do traje, acontece uma das maiores polêmicas do esporte. Em 2010, Federação Internacional de Natação proibiu os então chamados de supermaiôs.

Com isso, ficou decidido que os trajes de natação devem ser desenvolvidos com material têxtil e não mais a partir do poliuretano.

Além disso, devem cobrir uma área menor do corpo. No caso dos homens, apenas a bermuda até os joelhos e, para as mulheres, dos ombros até os joelhos.

Como escolher um traje de natação?

Para quem pratica o esporte sem o objetivo de disputar competições, os mais adequados são os maiôs produzidos com poliamida, chamada também de helanca, ou lycra, mais resistentes ao cloro.

Para competições, os trajes de natação de poliéster são mais indicados, uma vez que tem maior durabilidade e garantem uma maior flutuabilidade na água.

No entanto, antes de comprar a roupa, o indicado é conferir a lista de maios aprovados pela Federação Internacional de Natação (FINA).

Conclusão

A evolução dos trajes de natação sempre foi motivo de muita polêmica no mundo da natação. Se, por um lado, as modalidades esportivas têm que acompanhar obrigatoriamente o desenvolvimento tecnológico e melhor a qualidade do esporte, por outro, acaba elitizando o esporte.

Antes de a FINA regularizar as questões dos trajes, quem ganhava a prova era o que tinha condição de comprar (ou contar com um patrocinador que doasse) o melhor maiô.

Hoje, além de se preocupar com técnica de estilo e fundamentos da prova, todo atleta de natação deve se preocupar com o seu material para competir, ou seja, uma touca que permite menos atrito com a água, a escolha dos óculos ideal e a qualidade do traje de natação.

Por isso, se você está procurando melhorar o seu desempenho nas piscinas, confira os artigos do nosso blog.

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Talitha Adde

Jornalista e pós-graduada em Jornalismo Digital pela ESPM-SP. É atleta de natação e águas abertas formada no Clube Paineiras do Morumby. Gosta de produzir conteúdos que ajudem a elevar o nível do esporte amador e competitivo.

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